Ensayos académicos

A Construção de Paz por meio da Arte e da Educação como agentes politizadores nas comunidades marginalizadas

The Peacebuilding through Art and Education as politicizing agents in marginalized communities

La Construcción de Paz a través del Arte y la Educación como agentes politizadores en comunidades marginadas

Giulia Cibelly Mendonça
Universidade Estadual da Paraíba, Brasil
Maria Fernanda Cavalcanti Silvestre
Universidade Estadual da Paraíba, Brasil
Paulo Roberto Loyolla Kuhlmann
Universidade Estadual da Paraíba, Brasil

Revista Latinoamericana, Estudios de la Paz y el Conflicto

Universidad Nacional Autónoma de Honduras, Honduras

ISSN: 2707-8914

ISSN-e: 2707-8922

Periodicidade: Semestral

vol. 4, núm. 8, 2023

revistapaz@unah.edu.hn

Recepção: 23 Abril 2023

Aprovação: 13 Junho 2023



DOI: https://doi.org/10.5377/rlpc.v4i8.16251

Cómo citar /citation:: Mendonça, G.C., Silvestre, M.F. y Kuhlmann, P.R. (2023). A Construção de Paz por meio da Arte e da Educação como agentes politizadores nas comunidades marginalizadas. Estudios de la Paz y el Conflicto, Revista Latinoamericana, Volumen 4, Número 8, 113-124. https://doi.org/ 10.5377/rlpc.v4i8.16251

Resumo: Dada a violência estrutural arraigada em sociedades marginalizadas socialmente, o presente artigo busca analisar a atuação da construção de Paz, através do arte-ativismo e da educação, como meio para dessecuritização e politização destas mesmas comunidades. Utilizando o método qualitativo e indutivo-comparativo será analisado criticamente a ratificação de uma agenda de segurança baseada em interesses políticos e econômico-sociais no município de João Pessoa/Paraíba, utilizando os estudos de Barry Buzan, Achille Mbembe, Paul Lederach, Johan Galtung, Paulo Freire e Augusto Boal como marcos teóricos. A pesquisa busca investigar a relação entre os artivistas locais do Urso Amigo Batucada (UAB) – que atuam no Centro de Referência da Juventude do Rangel no bairro do Varjão – e a comunidade marginalizada a qual pertencem, onde constroem a paz através da educação e arte, e procuram conscientizar os brincantes enquanto atores que sejam capazes de questionar as estruturas violentas as quais estão inseridos. Os voluntários do Projeto Universidade em Ação (PUA) entram nesse processo de trocas recíprocas como parceiros, com o intuito de potencializar a ação já realizada, por meio de uma construção dialógica, podendo catalisar e produzir outras nuances na construção da Paz que reforcem as ações já executadas.

Palavras-chave: Construção de Paz, politização, Urso Amigo Batucada, Projeto Universidade em Ação, arte, educação.

Abstract: Given the structural violence rooted in socially marginalized societies, this article seeks to analyze the performance of peace building, through art activism and education, as a form for desecuritization and politicization of these same communities. Using the qualitative and inductive-comparative method, the ratification of a security agenda based on political and economic-social interests in the city of João Pessoa/Paraíba will be critically analyzed, using the studies of Barry Buzan, Achille Mbembe, Paul Lederach, Johan Galtung, Paulo Freire and Augusto Boal as theoretical landmarks. The research seeks to investigate the relationship between the local artivists of Urso Amigo Batucada (UAB) – who act at the Rangel Youth Reference Center in the Varjão neighborhood – and the marginalized community to which they belong, where they build peace through education and art, and seek to make the youth aware as actors who are capable of questioning the violent structures in which they are inserted. The volunteers of the Projeto Universidade em Ação (PUA) enter into this process of reciprocal exchanges as partners, with the aim of enhancing the action already carried out, through a dialogic construction, being able to catalyze and produce other nuances in the construction of Peace that reinforce the actions already executed.

Keywords: Peacebuilding, politicization, Urso Amigo Batucada, Projeto Universidade em Ação, art, education.

Resumen: Dada la violencia estructural arraigada en sociedades socialmente marginadas, este artículo busca analizar el desempeño de la construcción de paz, a través del activismo artístico y la educación, como medio para la desecuritización y politización de estas mismas comunidades. Utilizando el método cualitativo e inductivo-comparativo, se analizará críticamente la ratificación de una agenda de seguridad basada en intereses políticos y económico-sociales en el municipio de João Pessoa/Paraíba, utilizando los estudios de Barry Buzan, Achille Mbembe, Paul Lederach, Johan Galtung, Paulo Freire y Augusto Boal como hitos teóricos. La investigación busca investigar la relación entre los artivistas locales de Urso Amigo Batucada (UAB) – que trabajan en el Centro de Referencia Joven de Rangel en el barrio Varjão – y la comunidad marginada a la que pertenecen, donde construyen la Paz a través de la educación y el arte, y buscan sensibilizar a los jóvenes como actores capaces de cuestionar las estructuras violentas en las que están insertos. Los voluntarios del Projeto Universidade em Ação (PUA) entran en este proceso de intercambios recíprocos como socios, con el objetivo de potenciar la acción ya realizada, a través de una construcción dialógica, pudiendo catalizar y producir otros matices en la construcción de Paz. que refuercen las acciones ya ejecutadas.

Palabras clave: Construcción de Paz, politización, Urso Amigo Batucada, Projeto Universidade em Ação, arte, educación.

EXTENDED ABSTRACT

Given the structural violence rooted in socially marginalized societies, this article seeks to analyze the performance of peace building, through art-activism and education, as a means for desecuritization and politicization of these same communities. Applying the qualitative and inductive-comparative method, the ratification of a security agenda based on political and economic-social interests in the municipality of João Pessoa/Paraíba will be critically analyzed, using the studies of Barry Buzan, Achille Mbembe, Paul Lederach, Johan Galtung, Paulo Freire and Augusto Boal as theoretical landmarks. The research seeks to investigate, through the construction of affections, ethnography and interviews, the relationship between the local artivists of Urso Amigo Batucada (UAB) – who works at the Rangel Youth Reference Center in the Varjão neighborhood – and the community marginalized community to which they belong, where they build peace through education, art and protagonism, and seek to raise the awareness of players as actors who are capable of questioning the violent structures in which they are inserted. The volunteers of the University in Action Project (PUA) enter this process of reciprocal exchanges as partners, with the aim of enhancing the action already carried out, through a dialogic construction, being able to catalyze and produce other nuances in the construction of Peace that reinforce the actions already executed. The construction of identities is a crucial factor for these young people's activism to flourish - they converge, in this sense, in the singular objective of transforming, through artistic activities, these into socially and politically active actors. The investigation, in addition to relying on the direct involvement of the authors in these activities, not only for their realization, but because they believe that science is done jointly with society, has as its starting point the desire to map the historical cultural exponents that occurred in the community of Rangel. It is believed that the change is already being made and it needs to be promoted, and for that, seen.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como lente as subáreas do campo acadêmico de Relações Internacionais, sendo elas a Segurança Internacional e os Estudos para a Paz (EPP)[1], através do estudo antropológico. Assim, a pesquisa de natureza aplicada busca trazer os conceitos dos EPP e seus resultados empíricos, baseados na vivência etnográfica das autoras no Centro de Referência da Juventude do Rangel com o grupo Urso Amigo Batucada e a comunidade aos arredores da universidade da qual fazem parte.

A vivência e a avaliação empírica aconteceu mutuamente entre as pesquisadoras e os adolescentes e crianças inseridos na Ala-Ursa: Urso Amigo Batucada e na comunidade, possibilitados pela coalizão entre os campos-chefe de Relações Internacionais, o meio antropológico e o jornalístico. Ainda, essa coalizão é de suma importância para os pesquisadores que detém um olhar voltado para o meio local e querem aprofundá-lo, visto que as outras duas áreas cedem ao campo de Relações Internacionais as ferramentas necessárias para a construção de um bom trabalho de investigação local (Nascimento Silva, 2021).

Assim, utilizando a pesquisa bibliográfica, o estudo de campo e a pesquisa participativa, as etnografias foram realizadas a partir de uma ótica arte-ativista que conseguisse averiguar as unidades transformadoras que surgem dali - nesse sentido, autores como o Paulo Freire e o Augusto Boal foram essenciais na construção de uma pesquisa que não só extraísse dados, mas que auxiliasse, por meio do contato entre escritoras e comunidade, a fomentação de práticas, como jogos esportivos e atividades manuais, que disponibilizassem dispositivos educacionais e emancipatórios a esses jovens e adolescentes. Finalmente, a abordagem qualitativa e o método indutivo-comparativo também auxiliaram no processo de pesquisa que contou com uma entrevista com o coordenador do Urso Amigo Batucada e diálogos com as crianças e adolescentes do projeto.

Quando se analisa a estruturação das dinâmicas econômico-sociais que fomentam a organização espacial das cidades brasileiras, é importante destacar o ponto de vista do sociólogo Hélio Jaguaribe (1976) quando define a sociedade brasileira como dualista, tendo em mente que uma elite minoritária moldou toda a estrutura social e econômica do país em benefício próprio e tal estrutura se perpetua em todos os âmbitos. Jaguaribe salienta como tal elite acumula o capital e controla uma massa desprovida que se mantém refém de tal sistema desigual desde o Brasil colonial até a modernidade. A estrutura de segregação baseada nas dinâmicas de distribuição de terra no Brasil ao longo de sua formação, perduram uma forma de divisão social estruturalmente violenta e desigual, principalmente nas grandes capitais do país, sendo a cidade de João Pessoa, na Paraíba, mais um exemplo que comprova como tais fatores socioeconômicos, aliados ao crescimento acelerado da cidade, fortalecem a perpetuação de desigualdades sociais e situações de vulnerabilidade. O crescimento demográfico aliado à falta de planejamento urbano adequado afeta principalmente a camada mais pobre da população no decorrer do processo de urbanização, concebido de forma acelerada e desigual (Silva, 2019).

Em um certo momento, as dinâmicas de expansão urbana de João Pessoa se desenvolveram a ponto de avançarem sobre a bacia do rio Jaguaribe, sendo essa região conhecida como Varjão. É nessa perspectiva que surge o bairro do Varjão (Rangel), se tornando ao longo de sua história, um dos mais populosos da capital paraibana, bem como um dos mais marginalizados em decorrência das assimetrias nas estruturas sociais, políticas, culturais e econômicas presentes no decorrer do desenvolvimento da cidade de João Pessoa.

“Esse processo foi responsável pelo desenvolvimento de inúmeros problemas sociais urbanos, em especial o déficit habitacional, causado principalmente pelo aumento da população urbana, da especulação do mercado imobiliário e da falta de políticas públicas, a exemplo das políticas habitacionais.” (Silva, 2019, p. 6)

A capital da Paraíba possui, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma área territorial de 210,044km² (2022) e população de 825.796 pessoas (2021). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é considerado alto, sendo de 0.763 (2010), o que não coincide com realidades presentes nas comunidades à margem da sociedade, as quais possuem fragilidades nas conjunturas socioeconômicas maximizadas pelos déficits de infraestrutura e saneamento básico, a exemplo do Varjão. Oficialmente, o bairro possui o nome de Varjão, de acordo com a Lei n. 1574, de 04 de setembro de 1998, da Câmara Municipal da Cidade de João Pessoa, porém este é popularmente conhecido pelo nome de Rangel, alcunha proferida pelos próprios moradores, que iniciaram um movimento para a mudança de nomenclatura.

2. MÍDIA E A PERSPECTIVA CRIADA ACERCA DO RANGEL

As formas de violência presentes no bairro do Rangel podem ser analisadas segundo os estudos de Galtung (1969), os quais consideram que a violência direta, ou seja: a visível, tem suas raízes nas violências estruturais e culturais, estando essas enraizadas nas dinâmicas sociais e de certa forma “invisíveis” à percepção da sociedade, que em muitos casos apenas aceita a realidade violenta em que vive, sem questioná-la. Em decorrência de um crescimento desassistido, desigualdades e violências estruturais se perpetuam pela realidade do Rangel desde sua formação, corroborando para uma situação de desfavorecimento em relação a implementação de políticas públicas por parte dos órgãos municipais responsáveis. Com uma população cada vez mais à margem da sociedade, com menos oportunidades, afetada diretamente pelas violências estruturais, as taxas de criminalidade na região crescem, e como consequência disso, mais ações de repressão policial ocorrem. É a partir de uma visão de violência perpétua e irreparável criada sobre o bairro, que as óticas de violência estrutural mantêm sua forma cíclica, beneficiando todos que são afetados positivamente por tais vantagens hierárquicas.

Considerando a mídia como a instituição responsável pela coleta e difusão da informação de massa, através dos mecanismos jornalísticos, é possível atestar a maneira como esta atinge um nível de influência que a coloca em um status de quarto poder na sociedade capitalista globalizada. Chomsky (1988) a define como um monopólio coletivo, já que esta trabalha em função de interesses de uma minoria na construção de um consenso coletivo que a favoreça, sendo assim, a mídia é uma das responsáveis por influenciar consideravelmente a maneira de pensar das massas. Quando se analisa as relações sociais em uma perspectiva municipal, mais precisamente no bairro do Rangel, é notável a forma como as estruturas sociais de poder se mantêm, da mesma forma pela qual os procedimentos jornalísticos corroboram a manutenção de tal sistema em função de interesses políticos e econômicos. É possível constatar correspondências nos procedimentos jornalísticos atuais ao representarem o bairro, legitimando a violência direta sem questionar as lógicas que a produzem, o que faz com que tais lógicas se mantenham e perpetuem opressões e violências sistêmicas. Portanto, infere-se que a situação de vulnerabilidade social, aliada ao alto índice de violência abordada pela mídia, mantém a marginalização do bairro nas lógicas sociais, moldando a opinião pública implicitamente e perpetuando lógicas de hierarquia social.

O caráter econômico, por sua vez, tem forte influência na forma que a mídia aborda o bairro do Rangel, tendo em vista que o aumento da percepção de insegurança gera, além da especulação imobiliária, o aumento da procura por segurança privada, considerando insuficiente o aparato estatal para tal. A procura por segurança em condomínios fechados gera lucros exorbitantes para empreiteiras, que se utilizam da insegurança fomentada pela mídia, para vender. É essa a elite que domina as dinâmicas sociais a seu favor, justamente por ter monopólio do capital.

3. SECURITIZAÇÃO

Segundo Buzan (1998) um ato securitizador ocorre através de um ato de fala, onde um ator securitizador exerce um poder coercitivo sobre um público, que ao aceitá-lo, permite a utilização de medidas extraordinárias contra uma ameaça existencial exposta por tal ato (Motta, 2018). Dessa forma, a sustentação de uma imagem de insegurança do bairro do Rangel (ato securitizador) – não irreal, mas ampliada – é aceita por uma sociedade, que legitima as desigualdades sociais, assim como o uso da violência policial em operações sangrentas e violentas no bairro – fonte de medo e insegurança para os moradores – como medida necessária para minar a ‘ameaça’. Portanto, conclui-se que o foco midiático sensacionalista na violência direta do Rangel, aliado ao déficit de políticas públicas municipais que mitiguem os níveis de criminalidade e violência no bairro de forma construtiva e duradoura, são responsáveis pela securitização daquela comunidade; sendo assim: “A natureza especial das ameaças à segurança justifica o uso de medidas extraordinárias para lidar com elas” (Wæver, 1995, p.46). As operações policiais, por sua vez, são mostradas pela mídia como algo construtivo, tendo em vista a distinção que se faz entre o “bem”, representado pelo cidadão de classe superior, e o “mal” na figura do cidadão marginalizado, que representa perigo, e portanto, a sua consequente eliminação é tida como necessária para o estabelecimento da ordem e diminuição da insegurança. Para a sociedade externa à realidade da comunidade, que é receptora passiva das notícias de caráter violento, o papel do governo ao aplicar o uso legítimo da força traz segurança, enquanto para os moradores do bairro, tal uso tem caráter dual.

Wæver considera que “processos de construção de questões de segurança ocorrem, primordialmente, por meio de discursos proferidos pelos atores mais interessados em estabelecer as agendas de segurança.” (Tanno. 2003, p.57), sendo assim, a mídia é o meio pelo qual atores políticos e econômicos se utilizam para estabelecer suas preferências, monopolizando uma massa sujeita à criação de um consenso exercido pela propaganda midiática. Enquanto estruturas violentas de poder se mantêm, iniciativas de base, capazes de politizar uma sociedade vulnerável, não recebem atenção e incentivo suficientes para que possam dessecuritizar o tema, já securitizado.

4. NECROPOLÍTICA

Foucault (1987) discorre em sua obra acerca da interferência ativa do Estado no espectro individual, construção social que perpassa, da modernidade à contemporaneidade, nossas sociedades. Nessa intersecção entre o Estado e o indivíduo, a aplicação das políticas públicas é o formato pelo qual tal instituição, vestida de soberania, pode dispor os instrumentos para que o indivíduo viva bem. Entretanto, diante dessa estrutura sócio-econômica que perpassa boa parte dos meios sociais presentes no mundo contemporâneo, estrutura esta que compactua com uma elite branca detentora do capital e da terra – meios manipulados pelos mesmos durante boa parte da história da humanidade para que favoreçam a si – os grupos e indivíduos não inseridos em tal pacto sofrem com a marginalização (Marx, 2015). Ou seja, as políticas públicas não chegam até essas pessoas, que são deixadas para morrer. A essa política estatal, Michael Foucault (1987) dá o nome de biopoder. Nesta, algumas pessoas podem viver e outras consequentemente irão morrer. A morte, nesse sentido, é o foco central nas discussões acerca das vivências humanas na contemporaneidade.

No município de João Pessoa tal realidade se estende. Esse projeto estatal que, favorece apenas alguns seletos grupos, muitos desses com heranças milionárias de décadas advindas de seus círculos familiares[2] marginaliza algumas regiões em detrimento da estabilidade e favorecimento de outras nesse sistema societário, a exemplo do bairro Rangel. Ainda que a média da população pessoense receba 2,6 salários mínimos, como demonstram dados do IBGE de 2020, ao caminhar um pouco pela cidade não é difícil perceber que ela, como qualquer outra brasileira, constrói seu meio social e o divide em metrópole e periferia. Assim, como exposto anteriormente, a dualidade urbana consegue exprimir a real estrutura desses centros, como apresenta o professor Luciano Mannarino (2017):

Supunha-se que a configuração urbana geral fosse radial-concêntrica em sua geometria (Abreu, 1987; Brasileiro, 1976), com um pronunciado declínio do valor das terras, das atividades econômicas e das condições de vida a partir do centro em direção à periferia da cidade (Bonduki e Rolnik, 1982; Villaça, 1999; e Taschner e Bógus, 2000).

Ainda que existam áreas nessas cidades que não se encaixem enquanto periferia ou metrópole, pois estão no meio desse espectro, nas cidades brasileiras muito facilmente se encontram esses dois extremos, por isso o sistema dual. As periferias são, nesse sentido, os satélites que rondam as metrópoles: o Rangel se encontra localizado nas extremidades da cidade de João Pessoa, que tem como alguns dos seus centros socioeconômicos os bairros litorâneos Tambaú e Manaíra, tal qual recebem maior parte dos investimentos municipais.

Nesse sentido, ao revisitar a obra de Foucault (1987), Mbembe compreende que as instituições, nesse caso o governo municipal de João Pessoa, em seu exercício de soberania, permite a esses pequenos grupos o direito à vida, enquanto que o mesmo autor direciona sua guerra a corpos e a comunidades desumanizadas, como acontece com a população do Rangel. Para Achille, todos os caminhos da política são traçados na busca pelo poder, poder esse que legitima a manutenção da desigualdade e a morte das populações que vivem nesses locais. O município não busca quebrar a marginalização, mas, por meio dela, legitima seu uso desregulado de soberania, que inclui muitas vezes um embate direto contra a população em nome da proteção dos mesmos – esse é, muitas vezes, o contato mais corriqueiro entre a instituição e o satélite. Portanto, como demonstra Agamben (2004), esta instituição opera no Estado de Exceção, já que a morte não é prevista em lei, mas, legalizada, não ferindo legalmente o Estado de Direito, no qual o governo afirma sua construção estrutural.

Para tanto, a desumanização serve como projeto na busca pela justificação dessas tomadas violentas por parte da Polícia Militar – representante dos entes federativos, mas que atua diretamente na segurança dos municípios – e da Guarda Municipal – setor direcionado para operar na segurança municipal – como, na manutenção do status quo:

“A desumanização, ainda que seja um fato histórico concreto, não é um destino dado e sim o resultado de uma ordem injusta que envolve violência por parte de opressores, que por sua vez desumaniza os oprimidos” (Freire, 1987, p.16).

Logo, os cidadãos do Rangel são triplamente desrespeitados e julgados: primeiro pela prefeitura municipal, que perpetua tal estruturação necropolítica; segundo pela própria população pessoense, tal qual perpetua a desumanização dessas pessoas ao direcionarem um ideário de menos racionalidade e moral, que ocorre em vista da manipulação que recebem da mídia sensacionalista, correspondente ao terceiro meio de violência.

5. POLITIZAÇÃO

É a partir do desenvolvimento de uma comunidade intrinsecamente afetada pela desigualdade e violências estruturais, que as liberdades são minadas, cabendo ao Estado, por meio de seus entes federativos, a responsabilidade sobre a gestão do ordenamento político como forma de atender às demandas desta sociedade vulnerável. São inúmeras as razões que levam o Estado brasileiro a não alcançar mudanças positivas e significativas em realidades afetadas estruturalmente, mas isso não significa que meios de transformação são impossíveis. Iniciativas que partem da própria sociedade, tendo caráter transformador e de transcendência do conflito, demonstram as capacidades do que Lederach (2012) chama de mudanças sociais construtivas, tornando-se comumente invisibilizadas pela atenção pública pautada em outras agendas, onde, na realidade do Rangel são securitizadas, estando fortemente atreladas à segurança pública contra a criminalidade.

A iniciativa de politização parte da existência de um diálogo entre os objetos de referência, sob uma perspectiva de transcendência do conflito existente (Balzacq, 2011). O exemplo que se tem dentro da comunidade do Rangel é o Centro de Referência da Juventude (CRJ), principalmente por meio do projeto Urso Amigo Batucada, que utiliza de uma construção dialógica entre os jovens, a partir de referências culturais próprias, transformadas em potencialidades através da arte. O projeto dá oportunidade aos jovens da comunidade de integrarem-se, enxergarem-se como indivíduos a partir de suas próprias referências, descobrindo em si novos talentos, por meio da arte e do lúdico. Nas palavras de Dal Zapata, coordenador do CRJ do Rangel há 15 anos: “O nosso papel social é tirar os jovens da ociosidade, é fazer as coisas acontecerem na nossa comunidade e para ela, principalmente com essa juventude. É sobre como eles aprendem a lidar com eles próprios e com as outras pessoas.”

6. O TRABALHO SOCIAL DE ARTE-ATIVISMO DA ALA-URSA

O Centro de Referência da Juventude (CRJ) do Rangel nasceu enquanto projeto do governo municipal entre os anos de 1997 e 2005, na gestão de Cícero Lucena, sob o encargo da Secretaria Municipal da Juventude, Esporte e Recreação. Esse espaço público e seguro, enquanto direito cidadão, foi criado para que crianças, adolescentes e toda a comunidade onde ele está inserido pudessem ter acesso a momentos de recreação e ludicidade. Assim, poderiam participar de atividades profissionalizantes, sócio-educativas e culturais, como cursos para cabeleireiros, aulas de violão e percussão, artes marciais, tais quais outros que aconteceram no início do projeto.

Foram criados cinco CRJ’s na cidade de João Pessoa, nas regiões do Rangel, Funcionários I, Mangabeira, Valentina e Alto do Mateus. Atualmente apenas quatro destes centros funcionam. Em alguns momentos, a gestão municipal negligenciou o cuidado e a organização dos CRJ’s, desencadeando inclusive algumas invasões nesses espaços. Quando assumiu a prefeitura de João Pessoa em 2005, Ricardo Coutinho buscou dar continuidade ao trabalho de política pública proposto para os Centros, assegurando o mínimo funcionamento desses locais. Dal Zapata, que já era artivista na época, nasceu e cresceu na comunidade do Varjão e foi um dos direcionados para cuidar do CRJ do Rangel nessa nova gestão, sendo o atual mestre do Urso Amigo Batucada e gestor do CRJ do Rangel nos últimos 15 anos.

A principal crítica feita por Dal às antigas gestões dos Centros se pauta na falta de interação e olhar para a comunidade, o que tornava os espaços não democráticos, sendo o primeiro ato dele e da equipe que compunha a nova gestão do CRJ do Rangel solicitar a retirada do muro que existia ao redor do prédio, empecilho material que dificultava a aproximação e participação dos cidadãos do Varjão nas atividades. As primeiras oficinas ofertadas por esse novo grupo foram capoeira, aula de dança e breakdance, karatê, percussão e confecção de máscaras. Zapata busca, desde o princípio de sua coordenação no CRJ, dar espaço ao diálogo com a própria comunidade, incentivando as ideias e desejos desta, sendo inclusive, um modo de se conectar com sua infância vivida naquele local. Foi dessa forma que percebeu a existência de um grupo de cultura popular que atuava enquanto brincantes de Urso, os quais se chamavam de Urso Amigo. Esse é um dos vários exemplos de grupos existentes no Nordeste brasileiro que utilizam a imagem do Urso para brincar o Carnaval. A Ala-Ursa, nome dado a esse movimento – identificada com outras peculiaridades na cultura popular pernambucana, onde é chamada de La Ursa – foi incorporada no Brasil durante o período colonial, uma manifestação que advém das feiras da Idade Média, que tinham como atração o animal silvestre levado por um caçador nômade para momentos de embates que atraíssem o público. No Brasil, o movimento nasceu através dos italianos, que utilizavam, em momentos lúdicos, a imagem do Urso e criaram personagens que remetiam muitas vezes aos povos ciganos e artistas circenses europeus.

A partir das referências culturais da própria comunidade, se iniciaram as atividades de percussão e oficina de confecção de máscaras com a ludicidade da Ala-Ursa. Dal e os voluntários do Centro criaram um projeto único, que buscava formar novos brincantes e atores autônomos por meio da arte, nomeado pelos próprios jovens brincantes de “Urso Amigo Batucada (UAB)” em homenagem ao grupo Urso Amigo e ao batuque – nome regional que remete a percussão utilizada pelo grupo. O UAB surge com o intuito de atuar durante todo o ano, junto a crianças, jovens e adultos que voluntariamente queiram participar do projeto, que por meio de formações diversas, da percussão, da confecção de máscaras, roupas e acessórios, da ludicidade do Urso, das atividades de perna de pau, do teatro e da expressão corporal, influencia na formação motora, na construção educacional e identitária da infância e juventude da comunidade do Rangel:

As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que essas atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança{...}. Gardner (1995) indaga que a musicalização {...}contribui para a harmonia pessoal, facilitando a integração e a inclusão social. Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia (2003) ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil: i. sensório-motor; ii. simbólico; iii. análitico ou de regras (Chiarelli e Barreto, 2005, p. 1-3).

À exemplo disso, o UAB contribui na formação sensório-motora desses brincantes através do uso social da perna de pau, na memória auditiva por meio das aulas de percussão, no desenvolvimento cognitivo e linguístico diante da integração entre os atuantes, entre tantos outros setores que são aguçados.

Como forma de fortalecer o desenvolvimento educacional dos brincantes, estes apenas conseguem participar do projeto de Ala-Ursa se estiverem indo à escola regularmente e comprovarem suas médias, ou seja, para além dos centros educacionais, esse projeto que também instrui educacionalmente e artisticamente esses atores, dialoga diretamente com a educação formal da qual essas crianças e jovens são parte, já que o Urso Amigo Batucada se coloca enquanto incentivador destes. Em vista disso, ao incentivar o comprometimento dos brincantes com a educação formal ao tempo em que dão ferramentas para a emancipação política e social dos mesmos, o Urso Amigo Batucada dá novos rumos aos adolescentes, para além do caminho do tráfico.

Assim, o Urso Amigo Batucada se configura como uma agência pedagógica básica[3] que atua por meio da Paz ativa através da arte e cultura, visto que a construção da Cultura de Paz deve ser constante, e, nesse contexto, de fato é. Desse modo, esse expoente se enquadra aos ideários de Augusto Boal e da Estética do Oprimido (2008), onde buscam subverter as estruturas sociais ao construir junto aos oprimidos planos de ação através da Arte e Estética, ou seja, a classe média baixa está colocada nesses casos enquanto atores essenciais nessas apresentações artísticas, e não só nelas, como, na construção desses projetos em si - são essas pessoas que produzem junto aos mestres, que aqui são atuantes de peso iguais, o brincar artístico que esses meios propõem. A arte, nesse sentido, tem o poder de contribuir para o engajamento em debates sobre identidade, direito, cidadania e educação, gerando impacto no âmbito coletivo.

Enquanto esfera de poder, o Estado pode quebrar por meio de agendas e políticas públicas a lógica violenta e de exceção, ao incluir localidades como a do Rangel na esfera das decisões e reais investimentos públicos. Porém, a realidade presente faz com que projetos como o Urso Amigo Batucada, que não só busca superar esse estigma, como também o ciclo em que o bairro se encontra inserido, atuem para além dos seus deveres sociais, já que o mesmo tem abarcado em sua configuração agendas de educação, por meio da arte e da cultura, como prática crucial para a liberdade (Freire, 1967) das pessoas que vivem nesta localidade.

O artístico, incorporado na Ala-Ursa, é compreendido como abordagem pacífica no tratamento e na transformação destes conflitos, incluindo os violentos (Kuhlmann, P. R. L., 2019). Através da pedagogia da paz, tipologia em que os atores participantes são letrados e alfabetizados por meio da ressignificação do aprender, visto que o aprendizado deles parte de um olhar humano do outro e de si mesmo para com suas vidas, histórias e conhecimentos próprios, essa manifestação, enquanto fonte formadora e emancipatória social, cria no imaginário e na psique dos adolescentes e crianças, e para além dela, uma politização, tal qual permitirá futuramente sociedades revestidas de Paz Ativa, construídas pelos mesmos, como tanto evocou Freire (1987).

7. A ARTE COMO AGENTE TRANSFORMADOR: A COALIZÃO ENTRE URSO AMIGO BATUCADA E O PROJETO UNIVERSIDADE EM AÇÃO

Como exposto anteriormente, a comunidade do Rangel fica próxima a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), instituição na qual os autores estão inseridos. Desse modo, os mesmos participam conjuntamente do Projeto Universidade em Ação (PUA), projeto de extensão[4] que procura, por meio do contato com instituições de ensino e comunidades, estabelecer uma troca de saberes, fortalecer identidades, empoderar e cuidar de si, como forma de questionar e criar possibilidades de mudanças estruturais frente às realidades de bases violentas. Com o propósito de transformação, o PUA utiliza a pedagogia freireana e metodologias de Paz para acessar e estabelecer uma troca com os grupos aos quais se relaciona, considerando a importância de que os jovens compreendam a situação em que vivem, analisem criticamente a sociedade em que estão inseridos e sintam-se parte de um todo (Kuhlmann, de Araújo e do Rêgo Souza, 2022).

Uma das bases do ideal de atuação do Urso Amigo Batucada é levar sentido e instigar os atuantes do projeto à imaginação. Dal Zapata, idealizador e mestre batuqueiro, discorreu diversas vezes, enquanto a pesquisa-ação era feita, como o Centro de Referência da Juventude no Rangel é um lugar que recebe a comunidade como um todo para construir junto a ele um novo meio social, no qual a vivência de todos seja baseada no diálogo, não na imposição. Por isso, em ações conjuntas na Escola Municipal Santa Ângela, localizada no Cristo Redentor, o mestre Dal Zapata e o Palhaço Mancada, coordenador do PUA, se conheceram e frutificaram uma relação, que profundamente tinha como base o desejo comum de construir paz transformando os conflitos violentos em comunidades securitizadas.

Assim, a coalizão do Urso Amigo Batucada e do Projeto Universidade em Ação nasceu dessa vontade de fomentar e emancipar crianças e jovens por meio do artivismo numa prática dialógica. Desse modo, algumas atuantes do PUA tem construído no CRJ[5], por meio de rodas de conversa, origamis, brincadeiras, jogos esportivos e da criação de uma relação de afeto, junto aos brincantes da Ala-Ursa, um espaço para criação, imaginação e brincadeira. Diante da pouca diferença de idade entre eles, as crianças e adolescentes conseguem encontrar nos jovens universitários um ombro amigo. Além disso, ao saírem da Universidade e irem ao encontro com as comunidades que circundam a mesma, a formação desses estudantes ganha sensibilidade e honra, visto que o ensino tem fator social e deve sempre sair dos muros da Universidade e voltar para a sociedade. Ainda, essa integração entre puanos[6] e brincantes é percebido pelos mesmos como um local diverso e livre de formalidade, uma vez que, mesmo que eles tratem a Ala-Ursa com comprometimento, as crianças e adolescentes se sentem inseridos no CRJ em uma lógica lúdica livre, e o PUA ajuda a dilatar isso. Logo, a síntese entre o PUA e o Urso Amigo Batucada configura então um cenário no qual é nítido a formação de agentes transformadores e, por conseguinte, o desenvolvimento da comunidade local é trabalhado.

8. CONCLUSÃO

A comunidade do Rangel é violentada historicamente, visto que o Estado não realiza políticas públicas que gerem recursos de cidadania a partir de um suporte adequado. Além disso, as mídias só observam o lado violento da comunidade, reforçando aspectos da necropolítica, por falta de atividades educacionais, esportivas, artísticas e culturais que dialoguem com a realidade social da comunidade. O contato com os elementos do Estado é reforçado pela atuação da polícia, o que demonstra a política de reforço do tratamento da violência com mais violência.

O arte-ativismo pode servir como agente transformador de realidades marginalizadas e como instrumento de emancipação, o que pode ser observado na relação entre o projeto Ala-Ursa, o Projeto PUA e a comunidade do Rangel, destacando o Centro de Referência do Rangel como agente local dessecuritizador e politizador, apesar de não ter um alcance de mitigar a securitização que os meios de comunicação da cidade realizam em relação à comunidade.

O que se pôde observar é que o trabalho da Ala-Ursa se utiliza da arte-educação, com a liderança de Dal Zapata, realizando aulas e treinamentos que ampliam os conhecimentos cognitivos e psicomotores das crianças e jovens participantes por meio de atividades como a perna de pau, a confecção de máscaras e a percussão. Isso cria uma identidade e um fortalecimento dos indivíduos enquanto seres ativos na comunidade e na cidade, como um todo, visto que os inclui como participantes de uma tradição cultural reconhecida na sociedade paraibana, além de instrumentalizá-los como pessoas que atuam coletivamente e os capacita para diversas atividades que podem ajudá-los na vida pessoal e profissional. Além disso, eles se tornam multiplicadores das atividades artísticas aprendidas, tornando-se líderes dentro da comunidade.

Dessa forma, conclui-se que é preciso pensar mais formas de emancipação no contexto local como meio de estabelecer uma paz duradoura e que, no caso do Rangel, o movimento Ala-Ursa cumpre parcialmente tal função social, já que muitas vezes funciona quase sem estrutura e financiamento dos entes públicos. É preciso que o Estado reforce o Centro de Referência da Juventude do Rangel, e crie mais políticas públicas que fortaleçam a comunidade, para além da atuação da polícia.

O Projeto Universidade em Ação uniu-se a esse esforço, criando um espaço seguro de afeto e convivência, participando de ações que eles já executam, e por meio de círculos de diálogo, confecção de origamis e atividades esportivas, buscam, dialogicamente, fortalecer as atividades de construção de paz que já ocorrem no CRJ Rangel. Assim, os atuantes do projeto promovem mais um lugar acolhedor e de liberdade, onde eles estão, juntos, ajudando um ao outro na formação pessoal, na criação do imaginário e no transformação do afeto, porque, brincando juntos, eles podem e conseguem pintar o mundo da cor do amor (Kuhlmann, de Araújo e do Rêgo Souza, 2019).



“Não basta consumir cultura: é necessário produzi-la”

Fonte: Augusto Boal

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Notas

1 A depender do país e/ou região elas podem ser consideradas campos específicos e únicos (Ferreira, Maschietto, Kuhlmann, 2019).
2 Em 2017, dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa de Geografia e Estática (IBGE) demonstraram que a segunda maior fonte de renda (20,6%) da população rica paraibana (3,6%) advém de poupanças e pensões.
3 Termo que confere sua tipologia a aqueles projetos que não só tratam conflitos, como transferem por meio de uma educação libertadora, ferramentas que possibilitam a construção de identidades e emancipação de crianças e/ou adolescentes em comunidades que se encontram em Estado de exceção (Agamben, 2004).
4 Fundado em 2011.
5 Sendo um espaço municipal presente em uma comunidade, o Centro de Referência da Juventude do Rangel necessita de voluntários, visto que são muitas pessoas que buscam diariamente a utilização desse espaço, tais quais não encontram uma diversificação de profissionais disponibilizados pelo governo municipal para atendê-los.
6 Nome dado aos atuantes do Projeto Universidade em Ação (PUA/UEPB).

Autor notes

Giulia Cibelly Mendonça: Graduanda de Relações Internacionais, pesquisadora do Grupo de Estudos de Paz e Segurança Internacional (GEPASM/UEPB) onde pesquisa Jornalismo para a Paz como prática transformadora da violência estrutural. Atualmente participa do Projeto Universidade em Ação e também é membro do Consejo Latinoamericano de Investigación para la Paz (CLAIP).
Maria Fernanda Cavalcanti Silvestre: Tem experiência na área de Relações Internacionais, com ênfase em Antropologia e Estudos para Paz. Atualmente participa do projeto de extensão Projeto Universidade Em Ação, além de pesquisar a Ala-Ursa sob a ótica da construção da paz ativa por meio do arte-ativismo no grupo conjunto ao projeto, o Grupo de Estudos de Paz e Segurança Mundial (GEPASM/UEPB). Ainda, é membro do Consejo Latinoamericano de Investigación para la Paz (CLAIP).
Paulo Roberto Loyolla Kuhlmann: Professor da Universidade Estadual da Paraíba em Relações Internacionais e Palhaço Social Mancada Obom. Dedica-se ao Estudos para Paz , com foco na diminuição da violência e construção de Paz a partir do âmbito local e na utilização da Arte para o Tratamento de Conflitos. Doutor (2007) em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Coordenador do Grupo de Estudos de Paz e Segurança Mundial (GEPASM/UEPB) e do Projeto Universidade em Ação (PUA). Membro da Rede de Pesquisa em Paz, Conflitos e Estudos Críticos de Segurança (PCECS), do Consejo Latinoamericano de Investigación para la Paz (CLAIP). Colaborador da ONG Palhaços Sem Fronteiras Brasil desde 2020 e integrante da Comissão de Diversidade e Cultura de Paz da organização.

Informação adicional

Cómo citar /citation:: Mendonça, G.C., Silvestre, M.F. y Kuhlmann, P.R. (2023). A Construção de Paz por meio da Arte e da Educação como agentes politizadores nas comunidades marginalizadas. Estudios de la Paz y el Conflicto, Revista Latinoamericana, Volumen 4, Número 8, 113-124. https://doi.org/ 10.5377/rlpc.v4i8.16251

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