Encarnar a realidade a se alcançar: entrevista com Johan Galtung.

A guerra na Ucrânia evidencia a necessidade de aprimorar a cultura de paz e transformação de conflitos de forma sinérgica.

Resumo

Johan Vincent Galtung (Oslo, 1930) é um dos acadêmicos mais influentes e prolíficos do mundo: seu trabalho intelectual nos anos 60 levou ao nascimento e desenvolvimento dos Estudos de Paz e Conflito. As múltiplas e relevantes contribuições feitas pelo autor foram fundamentais para moldar o corpus teórico e metodológico de uma disciplina incipiente que, após cinqüenta anos de trabalho, se consolidou como um ponto de referência incontornável para a construção de um mundo digno e justo para todos. A vasta produção acadêmica de Galtung inclui mais de 100 livros traduzidos em dezenas de idiomas e mais de 1000 artigos publicados. Johan estudou matemática e sociologia. Em 1959, ele fundou o primeiro instituto de pesquisa de paz do qual foi diretor por 10 anos. Em 1964 ele fundou o Journal of Peace Research e contribuiu para a criação da International Peace Research Association (IPRA). Ele foi professor e pesquisador em dezenas de universidades nos cinco continentes, um dos principais colaboradores das Nações Unidas e um mediador em numerosos conflitos internacionais. Ele é atualmente Reitor da Transcend Peace University, da qual é o fundador, e parte do Comitê Científico internacional deste projeto editorial: a Revista Latino-Americana de Estudos de Paz e Conflitos (ReLaPaC). Em 1987, recebeu o Prêmio Nobel Alternativo, e em 1993, o Prêmio Gandhi. Nesta entrevista, falamos com o Mestre sobre as ameaças e oportunidades de construção da paz que paira sobre o mundo após a crise econômica de 2008, a pandemia de COVID-19, o aumento do autoritarismo em escala planetária, o aquecimento global e seus impactos e, é claro, a recente invasão da Ucrânia por uma potência nuclear. Também falamos da violência na América Latina, assim como do caminho para a paz, que se faz caminhando.