Produção social da rota de reintegração das FARC-EP, subsunção sistêmica e reprodução do conflito armado

Resumo

As ações públicas e as formulações programáticas são em si um produto e um campo de produção social, onde, por meio de ações e fatos, os atores criam possibilidades de realidade. Esse princípio também ocorreu na produção social da Rota Nacional de Reincorporação das FARC-EP -RRN-, que embora faça parte do Acordo Final de Paz de 2016, reproduz uma tensão-contradição entre dois modelos de transição: o modelo minimalista do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, e a reincorporação coletiva maximalista com horizontes transformadores. Assim, a presente investigação procura analisar a produção social, o processamento tecnopolítico e o jogo macro-organizacional do NRN, entre os anos de 2010 e 2020. Dando conta das estruturas em que se enquadra e dos processos estruturantes que se desenvolvem, em relação aos atores que cooperam e se confrontam. Para isso, utilizou-se a abordagem da Teoria dos Jogos Sociais, resgatando principalmente os conceitos de processamento tecnopolítico, jogo macro organizacional, governo e triângulo de governo, operando-os por meio de diversas ferramentas matriciais, como o fluxograma situacional do método Planejamento Estratégico Situacional –PES-. Tendo como ponto de chegada uma reconstrução articulada da trajetória situacional pela qual o NRN foi produzido, que tendia a uma simplificação progressiva do seu âmbito estrutural, sem capacidade de reconhecimento e resposta a um conflito armado que entra numa nova fase, privilegiando o direto e controle individualizado sobre um grupo de ex-combatentes gradualmente disperso.