Análise espacial da violência homicida na região norte da América Central (2019-2020)

Resumo

A literatura sobre análise espacial tem mostrado que a violência homicida não está distribuída aleatoriamente pelo território, mas tende a se aglomerar no espaço e no tempo. Portanto, este estudo visa identificar, no contexto da pandemia de Covid-19, os padrões espaciais de violência homicida na região norte da América Central. Dado o foco quantitativo do estudo, foram utilizadas técnicas exploratórias de análise de dados espaciais para identificar padrões de associação espacial. Os mapas Lisa (Moran Local I) foram usados para classificar os padrões espaciais. As informações sobre homicídios em nível municipal foram coletadas através das instituições policiais da Guatemala e El Salvador; no caso de Honduras, as informações foram baixadas do portal de dados aberto do Sistema Integrado de Informações para Políticas de Coexistência e Segurança Cidadã.

Foi criado um banco de dados em Excel, os cálculos estatísticos foram feitos com GeoDa e a elaboração dos mapas em QGis. Os resultados revelaram um paradoxo no sentido de que, apesar da diminuição geral das taxas de homicídios na região como resultado do bloqueio, houve também um aumento considerável nos municípios considerados hotspots emergentes, com um padrão de contágio, relacionado a mudanças nos nós, rotas e limites de interação social causados pelas restrições governamentais à mobilidade. Da mesma forma, ficou evidente que a violência passou de grandes cidades para cidades menores, como no caso de Zacapa, na Guatemala, e Yoro, em Honduras. Por outro lado, as áreas consideradas "frias" são limitadas em Honduras e El Salvador. Por outro lado, na Guatemala, há um número considerável de municípios nesta última categoria. Esta pesquisa sobre padrões espaciais espera contribuir para uma melhor compreensão do fenômeno multicausal dos homicídios e ajudar os tomadores de decisão a concentrar as intervenções de segurança sem esquecer a abordagem multidisciplinar.